Deserto alimentar
Um deserto alimentar é uma área com acesso limitado a alimentos nutritivos e baratos,[1][2][3][4] em contraste com uma área com maior acesso a supermercados ou feiras com alimentos frescos, que é chamada de oásis alimentar.[5] A designação considera o tipo e a qualidade dos alimentos disponibilizados à população, além da acessibilidade dos alimentos pelo tamanho e proximidade dos armazéns.[6]
Os desertos alimentares tendem a ser habitados por residentes de baixa renda com mobilidade reduzida; isso os torna um mercado menos atraente para grandes redes de supermercados.[7] Desertos alimentares carecem de fornecedores de alimentos frescos, como carnes, frutas e verduras. Em vez disso, os alimentos disponíveis são frequentemente processados e ricos em açúcar e gorduras, que são contribuintes conhecidos para a proliferação da obesidade.[8]
Histórico
[editar | editar código-fonte]Em 1973, o termo "deserto" foi atribuído a áreas suburbanas sem amenidades importantes para o desenvolvimento comunitário.[9] Um relatório da Cummins e Macintyre afirma que um morador de um conjunto habitacional no oeste da Escócia supostamente cunhou a frase mais específica "deserto de comida" no início dos anos 1990.[10] A frase foi usada pela primeira vez oficialmente em um documento de 1995 de um grupo de trabalho de políticas da Equipe de Projetos de Baixa Renda da Força-Tarefa de Nutrição do Reino Unido.
A pesquisa inicial foi limitada ao impacto da migração do varejo do centro urbano.[11] Estudos mais recentes exploraram o impacto dos desertos alimentares em outras áreas geográficas (por exemplo, rural e fronteiriça) e entre populações específicas, como minorias e idosos. Esses estudos abordam as relações entre a qualidade (acesso e disponibilidade) dos ambientes de varejo de alimentos, o preço dos alimentos e a obesidade. Fatores ambientais também podem contribuir para o comportamento alimentar das pessoas. A pesquisa conduzida com variações nos métodos traça uma perspectiva mais completa das "influências multiníveis do ambiente de varejo de alimentos sobre os comportamentos alimentares (e o risco de obesidade)"
Definições
[editar | editar código-fonte]Pesquisadores empregam uma variedade de métodos para avaliar desertos de alimentos, incluindo dados de diretórios e censo, grupos focais, avaliações de lojas de alimentos, inventários de uso de alimentos, sistema de informações geográficas (SIG), entrevistas, questionários e pesquisas que medem as percepções dos consumidores sobre o acesso aos alimentos.[12] As diferenças na definição de um deserto alimentar variam de acordo com:
- o tipo de área, urbana ou rural[13]
- barreiras econômicas e acessibilidade de acesso a alimentos nutritivos, incluindo custo de transporte, preço dos alimentos e renda das pessoas na área[10][12][14]
- distância até o supermercado ou mercearia mais próximo[15]
- número de supermercados na área determinada
- tipo de alimentos oferecidos, sejam frescos ou preparados
- valores nutricionais dos alimentos oferecidos[16]
A multiplicidade de definições que variam de acordo com o país gerou polêmica sobre a existência de desertos alimentares.[12]
Também deve ser observado que, por ser muito custoso pesquisar os tipos de alimentos e preços oferecidos em cada loja, os pesquisadores usam a disponibilidade de supermercados e grandes mercearias (incluindo lojas de descontos e supercentros) como um proxy para a disponibilidade de alimentos nutritivos e acessíveis.[17]
Controvérsia
[editar | editar código-fonte]Um estudo publicado em 2019 no periódico Quarterly Journal of Economics levantou dúvidas sobre a ideia de que acesso a produtos mais saudáveis reduziria a desigualdade nutricional.[18] Segundo os autores "a exposição de domicílios de baixa renda aos mesmos produtos e preços disponíveis aos domicílios de alta renda reduz a desigualdade nutricional em apenas 10%, enquanto os outros 90% são causados por diferenças na demanda".[18] Outro estudo concluiu que, nos Estados Unidos, disponibilidade de alimentos próximos ao domicílio não explica diferenças socioeconômicas e raciais em taxas de obesidade infantil.[19] Um estudo de adultos na Califórnia não encontrou forte evidência de que disponibilidade alimentar está associada com consumo alimentar ou IMC.[20]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «The Community for Science-Based Nutrition | American Nutrition Association». americannutritionassociation.org. Consultado em 17 de novembro de 2017. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2018
- ↑ Story, Mary; Kaphingst, Karen M.; Robinson-O'Brien, Ramona; Glanz, Karen (2008). «Creating healthy food and eating environments: policy and environmental approaches». Annual Review of Public Health. 29: 253–272. ISSN 0163-7525. PMID 18031223. doi:10.1146/annurev.publhealth.29.020907.090926
- ↑ «Food, Conservation, and Energy Act of 2008, 110th Cong, 2nd Sess, HR 6124, Title VII» (PDF). Consultado em 17 de novembro de 2017. Cópia arquivada (PDF) em 23 de junho de 2018
- ↑ «Deserto Alimentar: Comida saudável mesmo é comida de verdade. Mas quem tem acesso a ela?». tab.uol.com.br. Consultado em 12 de junho de 2021
- ↑ «Food Oasis :: Washington State Department of Health». Consultado em 11 de fevereiro de 2018. Cópia arquivada em 21 de abril de 2019
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- ↑ Lee, Courtney Hall (23 de fevereiro de 2017). «Grocery Store Inequity». Sojourners. Consultado em 17 de novembro de 2017. Cópia arquivada em 23 de junho de 2018
- ↑ «Living in a Food Desert: How Lack of Access to Healthy Foods Can Affect Public Health | Notes From NAP». notes.nap.edu. 25 de janeiro de 2011. Consultado em 17 de novembro de 2017. Cópia arquivada em 23 de junho de 2018
- ↑ Hillary John. «1.1. Origin of the term `Food Desert'». (PDF) (Tese). p. 11 https://core.ac.uk/download/pdf/1146142.pdf. Cópia arquivada (PDF) em 10 de agosto de 2017 Em falta ou vazio
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